O Teatro que Resiste!
“Precisamos lembrar que nosso
tempo
e nossa vida são agora”!
O “Movimento Todo Teatro é
Político”, lançado em Fortaleza no dia 27 de março de 2009 em um manifesto
na Praça do Ferreira, tem como objetivo primeiro a luta por políticas públicas
de Estado para o teatro.
Compreendemos que essa luta reafirma-se na
democratização de recursos públicos, produzidos pela classe trabalhadora, que
devem fomentar um teatro que não esteja despojada do pensamento crítico e nem
subordinado às pressões da indústria cultural mercantilista, alicerçada numa
sociedades alheias aos direitos básicos do cidadão.
Portanto, é com o intuito de avançarmos cada
vez mais que lançamos, por meio desse manifesto, o “II Circuito Alternativo
de Teatro”. A meta principal é chamar a atenção da cidade e do poder
público para novas formas de se pensar a arte e de estabelecê-la como continuidade
da vida em sociedade, demarcando um teatro para além da preocupação puramente
estética e construindo as bases de um teatro também ético que traz para a cena
uma cidade “acolá”, “afora” e longe do grande eixo cultural, localizado entre o
centro e a praia.
O II Circuito Alternativo de Teatro acontece
nas sedes dos grupos e em seus entornos. É uma ação política, provocadora de
uma “ordem estabelecida” e que aponta o descaso do governo com a arte e a
cultura como prática e direito de todos. Vai além da circulação de espetáculos,
pesquisas, oficinas e rodas de conversas entre os grupos e os diversos palcos e ruas de uma Fortaleza esquecida, para se apoderar teatralmente de territórios
abandonados pelo Estado, preenchendo-os de ações que abrigam o que nos torna
humano - imaginação, criação, afeto, encontro, cultura – que significa
reconhecer que nosso compromisso com a arte não é puramente estético, mas
também ético.
Reiteramos, também, com esse manifesto, a
importância de estabelecermos relações cada vez mais próximas entre o teatro e
a cidade, construindo um trabalho relevante e de uma base de sustentação social
tão forte, que nos torne extremamente necessário para a sociedade.
Compreendemos que para isso, precisamos criar laços, entrar em dialogo com o
pequeno produtor e com o artista individual, consolidando forças que possam
construir políticas públicas culturais de Estado, sustentadas por programas
estabelecidos em lei e com orçamentos próprios. Precisamos edificar
pontes que facilitem nossa velha e saudosa comunicação, mas sem que percamos de vista o teatro de grupo como sujeito histórico de nossa
luta, pois ele reafirma nossa opção por uma ARTE não mercantilista.
Nossa luta é pela
construção de uma ação que discuta o fazer teatral e o papel do artista e da
arte em nossa sociedade e que se comunique com a vida no sentido de colaborar
na formação de um mundo onde as condições sociais, políticas e econômicas,
impulsionem uma sociedade na qual a cultura seja reconhecida e legitimada como
um bem imprescindível para o desenvolvimento humano e a reafirmação da vida.
A cultura é elemento de
união de um povo que pode fornecer-lhe dignidade e o próprio sentido de nação
sendo, portanto, tão fundamental quanto à saúde, o transporte e a educação. É obra e identidade de um povo que
fortalece o exercício crítico da cidadania na construção de uma sociedade
democrática.
Portanto, a realização do II Circuito
Alternativo de Teatro vem reforçar o grito de vários artistas e associações
culturais que denunciam, constantemente, as omissões do poder público, que faz da
política de editais a única ação de financiamento. Essa opção é agravada pela falta
de assiduidade nos lançamentos comprometendo o mínimo de fomento à produção
teatral do estado.
Reafirmamos que o II Circuito Alternativo
de Teatro é uma ação organizada de forma independente do poder público e que agrega,
além dos trabalhos dos grupos, o espaço necessário do encontro entre os coletivos
e a cidade. Sendo uma ação política, reivindicatória e independente, se faz
necessário que cada grupo se torne sujeito desse ato, reiterando esse manifesto
e contribuindo com a realização, execução e produção dessa ação. O II Circuito Alternativo
aposta no trabalho produzido pelos grupos de Teatro, por isso entra em
confronto com a política cultural estabelecida que continua apostando nos grandes
eventos, onde são aplicados milhões que nada deixam para a cidade.
São por todas essas questões que O Movimento Todo Teatro é Político, em parceria com o
Fórum de Teatro, vem reafirmar nosso debate político na cultura e declara nossa
posição contrária a grande omissão do governo em relação a construção de ações
de continuidade para o teatro, vindo a público exigir:
1. Efetivação
e urgência na regulamentação para pleno funcionamento do Fundo Municipal de
Cultura assegurando as cotas de distribuição por linguagens e seus respectivos
planos setoriais.
2. Ocupação
de espaços públicos ociosos e/ou sem funcionalidade efetiva em espaços de
atuação dos grupos de teatro da cidade e outros grupos culturais.
3. Criação
de programas públicos (continuados) de cultura nas esferas municipal, estadual
e federal em consonância assegurando a realização das suas metas.
4.
Ampliação dos recursos e das edições dos editais de artes assegurando a
participação de mais projetos contemplados e garantindo a sua realização anual
e/ou semestral;
5. Ampliação
dos recursos e regularidade do Festival de Teatro de Fortaleza sendo levado em
conta as demandas da categoria com organização e acompanhamento do evento pelo
fórum de teatro.
6. Ampliação
dos recursos e regularidade da programação dos Teatros públicos garantindo uma
programação efetiva e anual para categoria com divulgação e amplo acesso a
população de fortaleza.
7. Funcionamento
efetivo do SET – Sistema Estadual de Teatro de acordo com as metas
dos planos
municipais e estaduais de cultura;
8. Assegurar
um projeto de circulação de espetáculo e ação de formação em espaços públicos .
9. Realização
dos planos setoriais; municipal e estadual.
10. Escola
publica de teatro;
11. Assegurar
a reforma e funcionamento do TSJ;
12. Criação
de um centro de referencia estadual de teatro para ocupação, circulação,
formação.
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